Luciana Aparecida Campos


realname: Luciana Aparecida Campos
abreviatura: Campos, LA
nacionalidade: Brasileira
anonascimento: 1973
sexo: Fem
nivel: Doutorado
mes_matricula: 09/1998
mes_defesa: 12

[Total de meses: 39]

titulo: Modulacao do Controle Reflexo da Frequencia Cardíaca em Ratos Espotaneamente Hipertensos pela Melatonina Endógena

linha: Regulação Central da Pressão Arterial

projeto: Efeitos da melatonina na regulação cardiovascular

area: Fisiologia Cardiovascular

biblioteca: Serviço de Biblioteca e Informacao Biomédica do ICB da USP

volumes: 1
num_paginas: 188
idioma: Portugues
palavras_chave: Hipertensao; Antagonista AT1; Baroreflexo; Quimioreflexo; Ritmo circadiano; Melatonina

resumo: O presente trabalho teve por objetivo investigar os efeitos do bloqueio crônico dos receptores AT1 para angiotensina II durante o dia e durante o período noturno (em presença de liberação endógena de melatonina), e os possíveis efeitos sobre o controle reflexo da frequência cardíaca (FC) comandado pelos barorreceptores e quimiorreceptores, bem como o efeito do bloqueio crônico dos receptores AT1 sobre a síntese/liberação de melatonina pela glândula pineal e o envolvimento do sistema renina angiotensina no ritmo circadiano da PA, FC e atividade locomotora em ratos com baixo angiotensinogênio cerebral TGR(ASrAOGEN) e comparar com seu respectivo controle Sprague Dawley (SD). Os níveis endógenos de melatonina na pineal foram também analisados, após bloqueio crônico dos receptores AT1 em ratos WKY e SHR, assim como a expressão gênica da enzima triptofano hidroxilase e n-acetil-transferase, melatonina e outras indoles produzidas na pineal em ratos TGR(ASrAOGEN) com >90% de redução na produção de angiotensinogênio cerebral.
Ratos Wistar Kyoto (WKY) e espontaneamente hipertensos (SHR), machos, foram utilizados e submetidos ao tratamento crônico (4 dias) com veículo (VEH=água destilada, 10 mg/kg/dia) ou Losartan (LOS=10 mg/kg/dia). A pressão caudal foi mensurada antes e após tratamentos. Cateteres em artéria e veia periféricas foram implantados 1 dia antes do experimento. Pressão arterial (PA) e FC foram registradas continuamente em ratos com livre movimentação restrita na gaiola durante o período diurno (claro) e noturno  (2h e 4h após início do escuro). Foram registrados os valores basais de PA e FC e as respostas de PA e FC durante estimulação dos barorreceptores (doses crescentes de fenilefrina e nitroprussiato de sódio i.v.), e dos quimiorreceptores periféricos (doses crescentes de cianeto de potássio, i.v.), durante os períodos claro (~3 horas antes do início do escuro), 2 horas e 4 horas após início do escuro). Outros 4 grupos foram submetidos à decapitação após 6 horas de escuro e procedeu-se a retirada da glândula pineal para posterior mensuração da concentração endógena local de melatonina por detecção eletroquímica. Através da técnica em tempo real de PCR observou-se a expressão gênica das enzimas triptofano hidroxilase e n-acetil-transferase em SD e TGR(ASrAOGEN).
No período diurno os valores da PAM basal reproduziram as medidas de pressão de cauda, confirmando que ambos os grupos SHR tinham PAM significantemente mais elevada que os respectivos grupos de WKY, e que o tratamento com LOS reduziu de forma significante a PAM em ambos os grupos: WKYLOS=110±4 vs WKYVEH=122±3 mmHg e SHRLOS= 152±10 vs SHRVEH= 178±7 mmHg. Por outro lado, a FC basal durante o período diurno não diferiu significantemente entre os grupos e nem foi afetada pelos tratamentos. Nos 4 grupos, os valores basais de PAM e FC não foram diferentes entre os períodos claro e escuro. Durante o período diurno a resposta máxima à fenilefrina estava reduzida nos SHRVEH (vs WKYVEH). LOS reduziu a resposta máxima somente nos WKY. Nitroprussiato de sódio produziu nos WKYVEH durante o período claro respostas depressoras proporcionalmente maiores: de -4±2 a -45±9 mmHg, contudo não houve alteração significante da resposta depressora máxima em nenhum dos grupos, em nenhum dos momentos estudados. EC50 não foi alterado em nenhum dos grupos, em nenhuma das condições, tanto em presença de fenilefrina quanto de nitroprussiato de sódio. Nos WKYVEH, na 4.a hora de escuro houve significante deslocamento da curva de funcionamento do reflexo barorreceptor para níveis inferiores de FC, com reduções significantes dos platôs superior e inferior. Nos SHR tratados com VEH, a 4.a hora de escuro foi acompanhado de pequeno, mas significante aumento do intervalo de funcionamento do reflexo (140±12 vs 110±15 b/min no período claro) e de redução na PAM50% (de 180±6 para 165±10 mmHg, no período claro). O ganho médio no E4h do reflexo continuava deprimido em relação ao WKYVEH (–2,53±0,65 vs -5,16±1,26 b/min/mmHg – SHRVEH vs WKYVEH) enquanto o platô inferior mantinha-se significantemente elevado comparado ao grupo WKYVEH (300±14 vs 214±18 b/min – SHRVEH vs WKYVEH).
Houve redução da resposta taquicárdica nos SHRVEH durante o dia. A noite, porém, as respostas taquicárdicas de ambos os grupos foram equivalentes devido à sua redução nos WKYVEH e ao aumento significante da resposta taquicárdica nos SHRVEH (E4h vs claro para ambos os grupos). A resposta bradicárdica mostrava-se ligeiramente, mas não significantemente reduzida nos SHRVEH (vs WKYVEH, p>0,05). Não houve quaisquer alterações durante o período noturno.
O tratamento com LOS deslocou as curvas de SHR e WKY para níveis menores de PAM, mas não alterou o padrão do controle reflexo da FC de WKY e SHR, observado no período diurno. Em ambos os grupos tratados com LOS, a quarta hora de escuro (vs período claro) não foi acompanhada de nenhuma alteração adicional do funcionamento do reflexo barorreceptor, exceto pela menor PAM50% em WKY observado no período noturno. LOS não causou quaisquer alterações nas respostas bradicárdica ou taquicárdica em SHR e WKY, nos períodos claro ou escuro.
O funcionamento do reflexo quimiorreceptor foi analisado e a resposta bradicárdica foi mais intensa nos WKYVEH durante o período claro, sendo que, após período noturno esta bradicardia foi significantemente atenuada. A resposta bradicárdica mostrava-se significantemente reduzida nos SHRVEH (vs WKYVEH, período claro), não tendo sido alterada após período escuro. Tratamento com LOS determinou nos WKY redução da resposta bradicárdica (vs WKYVEH), sem nenhuma alteração adicional no período noturno. Contudo, LOS não causou nenhuma mudança na resposta bradicárdica no grupo SHR em nenhum dos períodos estudados. O log EC50 não foi alterado em nenhum dos grupos WKY ou SHR, tratados com VEH ou LOS, em nenhum dos períodos estudados (claro ou escuro).
Melatonina na glândula pineal mostrou-se reduzida em cerca de 30% nos SHRVEH quando comparado aos WKYVEH. LOS  determinou redução significante da concentração da melatonina apenas no grupo WKY. Todas as indoles, inclusive melatonina, assim como a expressão gênica da enzima triptofano hidroxilase mostraram-se reduzidas significantemente nos ratos TGR(ASrAOGEN) quando comparados aos SD.
O papel do sistema renina angiotensina cerebral no re-ajustamento do ritmo circadiano ao novo ritmo claro/escuro foi analisado em SD e TGR(ASrAOGEN), onde se observou uma retardada re-adaptação do ritmo circadiano da PA e FC em TGR(ASrAOGEN), porém a re-adaptação da atividade locomotora foi similar em ambos os grupos.
Em síntese, os dados aqui apresentados constituem-se na primeira evidência funcional do papel modulatório da angiotensina II e dos receptores AT1 sobre os níveis endógenos de melatonina, demonstrando adicionalmente seu efeito benéfico sobre a regulação reflexa da frequência cardíaca e da pressão arterial.

orientadores: Lisete Compagno Michelini

financiadores: Bolsa FAPESP (39 meses)

banca: Lisete Compagno Michelini,
Jose Cipolla Neto,
Ruy Ribeiro de Campos Junior,
Fernanda Marciano Consolim Colombo,
Maria Claudia Costa Irigoyen.