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titulo: Modulacao do Controle Reflexo da Frequencia Cardíaca em Ratos Espotaneamente Hipertensos pela Melatonina Endógena
linha: Regulação Central da Pressão Arterial
projeto: Efeitos da melatonina na regulação cardiovascular
area: Fisiologia Cardiovascular
biblioteca: Serviço de Biblioteca e Informacao Biomédica do ICB da USP
volumes: 1
num_paginas: 188
idioma: Portugues
palavras_chave: Hipertensao; Antagonista
AT1; Baroreflexo; Quimioreflexo; Ritmo circadiano; Melatonina
resumo: O presente trabalho teve
por objetivo investigar os efeitos do bloqueio crônico dos receptores
AT1 para angiotensina II durante o dia e durante o período noturno
(em presença de liberação endógena de melatonina),
e os possíveis efeitos sobre o controle reflexo da frequência
cardíaca (FC) comandado pelos barorreceptores e quimiorreceptores,
bem como o efeito do bloqueio crônico dos receptores AT1 sobre a
síntese/liberação de melatonina pela glândula
pineal e o envolvimento do sistema renina angiotensina no ritmo circadiano
da PA, FC e atividade locomotora em ratos com baixo angiotensinogênio
cerebral TGR(ASrAOGEN) e comparar com seu respectivo controle Sprague Dawley
(SD). Os níveis endógenos de melatonina na pineal foram também
analisados, após bloqueio crônico dos receptores AT1 em ratos
WKY e SHR, assim como a expressão gênica da enzima triptofano
hidroxilase e n-acetil-transferase, melatonina e outras indoles produzidas
na pineal em ratos TGR(ASrAOGEN) com >90% de redução na produção
de angiotensinogênio cerebral.
Ratos Wistar Kyoto (WKY) e espontaneamente
hipertensos (SHR), machos, foram utilizados e submetidos ao tratamento
crônico (4 dias) com veículo (VEH=água destilada, 10
mg/kg/dia) ou Losartan (LOS=10 mg/kg/dia). A pressão caudal foi
mensurada antes e após tratamentos. Cateteres em artéria
e veia periféricas foram implantados 1 dia antes do experimento.
Pressão arterial (PA) e FC foram registradas continuamente em ratos
com livre movimentação restrita na gaiola durante o período
diurno (claro) e noturno (2h e 4h após início do escuro).
Foram registrados os valores basais de PA e FC e as respostas de PA e FC
durante estimulação dos barorreceptores (doses crescentes
de fenilefrina e nitroprussiato de sódio i.v.), e dos quimiorreceptores
periféricos (doses crescentes de cianeto de potássio, i.v.),
durante os períodos claro (~3 horas antes do início do escuro),
2 horas e 4 horas após início do escuro). Outros 4 grupos
foram submetidos à decapitação após 6 horas
de escuro e procedeu-se a retirada da glândula pineal para posterior
mensuração da concentração endógena
local de melatonina por detecção eletroquímica. Através
da técnica em tempo real de PCR observou-se a expressão gênica
das enzimas triptofano hidroxilase e n-acetil-transferase em SD e TGR(ASrAOGEN).
No período diurno os valores
da PAM basal reproduziram as medidas de pressão de cauda, confirmando
que ambos os grupos SHR tinham PAM significantemente mais elevada que os
respectivos grupos de WKY, e que o tratamento com LOS reduziu de forma
significante a PAM em ambos os grupos: WKYLOS=110±4 vs WKYVEH=122±3
mmHg e SHRLOS= 152±10 vs SHRVEH= 178±7 mmHg. Por outro lado,
a FC basal durante o período diurno não diferiu significantemente
entre os grupos e nem foi afetada pelos tratamentos. Nos 4 grupos, os valores
basais de PAM e FC não foram diferentes entre os períodos
claro e escuro. Durante o período diurno a resposta máxima
à fenilefrina estava reduzida nos SHRVEH (vs WKYVEH). LOS reduziu
a resposta máxima somente nos WKY. Nitroprussiato de sódio
produziu nos WKYVEH durante o período claro respostas depressoras
proporcionalmente maiores: de -4±2 a -45±9 mmHg, contudo
não houve alteração significante da resposta depressora
máxima em nenhum dos grupos, em nenhum dos momentos estudados. EC50
não foi alterado em nenhum dos grupos, em nenhuma das condições,
tanto em presença de fenilefrina quanto de nitroprussiato de sódio.
Nos WKYVEH, na 4.a hora de escuro houve significante deslocamento da curva
de funcionamento do reflexo barorreceptor para níveis inferiores
de FC, com reduções significantes dos platôs superior
e inferior. Nos SHR tratados com VEH, a 4.a hora de escuro foi acompanhado
de pequeno, mas significante aumento do intervalo de funcionamento do reflexo
(140±12 vs 110±15 b/min no período claro) e de redução
na PAM50% (de 180±6 para 165±10 mmHg, no período claro).
O ganho médio no E4h do reflexo continuava deprimido em relação
ao WKYVEH (–2,53±0,65 vs -5,16±1,26 b/min/mmHg
– SHRVEH vs WKYVEH) enquanto o platô inferior mantinha-se
significantemente elevado comparado ao grupo WKYVEH (300±14 vs 214±18
b/min – SHRVEH vs WKYVEH).
Houve redução da resposta
taquicárdica nos SHRVEH durante o dia. A noite, porém, as
respostas taquicárdicas de ambos os grupos foram equivalentes devido
à sua redução nos WKYVEH e ao aumento significante
da resposta taquicárdica nos SHRVEH (E4h vs claro para ambos os
grupos). A resposta bradicárdica mostrava-se ligeiramente, mas não
significantemente reduzida nos SHRVEH (vs WKYVEH, p>0,05). Não houve
quaisquer alterações durante o período noturno.
O tratamento com LOS deslocou as
curvas de SHR e WKY para níveis menores de PAM, mas não alterou
o padrão do controle reflexo da FC de WKY e SHR, observado no período
diurno. Em ambos os grupos tratados com LOS, a quarta hora de escuro (vs
período claro) não foi acompanhada de nenhuma alteração
adicional do funcionamento do reflexo barorreceptor, exceto pela menor
PAM50% em WKY observado no período noturno. LOS não causou
quaisquer alterações nas respostas bradicárdica ou
taquicárdica em SHR e WKY, nos períodos claro ou escuro.
O funcionamento do reflexo quimiorreceptor
foi analisado e a resposta bradicárdica foi mais intensa nos WKYVEH
durante o período claro, sendo que, após período noturno
esta bradicardia foi significantemente atenuada. A resposta bradicárdica
mostrava-se significantemente reduzida nos SHRVEH (vs WKYVEH, período
claro), não tendo sido alterada após período escuro.
Tratamento com LOS determinou nos WKY redução da resposta
bradicárdica (vs WKYVEH), sem nenhuma alteração adicional
no período noturno. Contudo, LOS não causou nenhuma mudança
na resposta bradicárdica no grupo SHR em nenhum dos períodos
estudados. O log EC50 não foi alterado em nenhum dos grupos WKY
ou SHR, tratados com VEH ou LOS, em nenhum dos períodos estudados
(claro ou escuro).
Melatonina na glândula pineal
mostrou-se reduzida em cerca de 30% nos SHRVEH quando comparado aos WKYVEH.
LOS determinou redução significante da concentração
da melatonina apenas no grupo WKY. Todas as indoles, inclusive melatonina,
assim como a expressão gênica da enzima triptofano hidroxilase
mostraram-se reduzidas significantemente nos ratos TGR(ASrAOGEN) quando
comparados aos SD.
O papel do sistema renina angiotensina
cerebral no re-ajustamento do ritmo circadiano ao novo ritmo claro/escuro
foi analisado em SD e TGR(ASrAOGEN), onde se observou uma retardada re-adaptação
do ritmo circadiano da PA e FC em TGR(ASrAOGEN), porém a re-adaptação
da atividade locomotora foi similar em ambos os grupos.
Em síntese, os dados aqui
apresentados constituem-se na primeira evidência funcional do papel
modulatório da angiotensina II e dos receptores AT1 sobre os níveis
endógenos de melatonina, demonstrando adicionalmente seu efeito
benéfico sobre a regulação reflexa da frequência
cardíaca e da pressão arterial.
orientadores: Lisete Compagno Michelini
financiadores: Bolsa FAPESP (39 meses)
banca: Lisete Compagno Michelini,
Jose Cipolla Neto,
Ruy Ribeiro de Campos Junior,
Fernanda Marciano Consolim Colombo,
Maria Claudia Costa Irigoyen.