Os efeitos
agudos de ácidos graxos (AG) sobre o
metabolismo de glicose, sinalização à insulina e
acoplamento mitocondrial em
músculo esquelético foram investigados. O metabolismo de
glicose e a
sinalização à insulina foram avaliados em
músculo sóleo incubado de rato. A
polaridade elétrica da membrana interna mitocondrial foi
avaliada em cultura de
células musculares C2C12 e primária de rato pela
técnica da rodamina 123.
Expressão das proteínas desacopladoras-2 e -3 (UCP-2 e
-3) foi avaliada por PCR
em tempo real. A captação de 2-desoxi-[2,6-3H]-D-glicose
não foi
alterada pelos AG testados (caprílico (8:0), láurico
(12:0), mirístico (14:0),
palmítico (16:0), esteárico (18:0), oleico (18:1),
linoleico (18:2) e
eicosapentaenóico (20:5)). Os ácidos caprílico,
palmítico e esteárico
aumentaram a síntese de [14C]-glicogênio
estimulada pela insulina em
20%, 48% e 31%, respectivamente. Já o ácido
linoléico levou a uma redução de
40%. A produção de lactato estimulada pela insulina foi
reduzida em 46% e 64%
pelos ácidos caprílico e palmítico,
respectivamente. Os AG de cadeia longa (16
ou mais carbonos) aumentaram a descarboxilação de [U-14C]-D-glicose
na ausência (³59%) e na
presença (³32%) de
insulina. Já o ácido caprílico reduziu em 29% este
parâmetro na presença do
hormônio. Os ácidos caprílico, esteárico,
palmítico, oleico e linoleico não
tiveram efeito sobre a fosforilação do receptor da
insulina. O ácido palmítico
reduziu a fosforilação estimulada pela insulina do
substrato para o receptor da
insulina-1 (IRS-1; 24%), Akt (51%), glicogênio sintase quinase-3
a/b (GSK-3 a/b; 28%) e
proteínas quinases ativadas por mitógenos
p44 e p42 (MAP quinases p44 e p42; 88%), enquanto que os ácidos
oleico e
linoleico aumentaram a fosforilação de IRS-1 (38%)
e Akt (23%) em músculo sóleo incubado por 1
h. O bromopalmitato, um análogo não metabolizável
do ácido palmítico, reduziu a
síntese de glicogênio (27%) estimulada pela insulina.
Houve correlação elevada
entre aumento na síntese de glicogênio estimulada pela
insulina e palmitato e a
descarboxilação do ácido graxo (R2 = 0,99). O
ácido palmítico
aumentou o conteúdo intracelular de glicose-6-fosfato (27%) e
citrato (13%). Os
ácidos palmítico e linoleico aumentaram a
oxidação de glicose no músculo extensor
digitorium longus (EDL) incubado de
rato e reduziram a polaridade elétrica
da membrana interna mitocondrial em células musculares
esqueléticas em cultura.
O ácido palmítico também aumentou o consumo de
oxigênio em ratos anestesiados.
Não houve alteração na expressão de UCP-2 e
-3 em músculo sóleo incubado na
presença dos ácidos caprílico e palmítico.
Os resultados obtidos são sugestivos
de que: 1) ácidos graxos, agudamente, não induzem
resistência à insulina quanto
à captação de glicose em músculo
esquelético; 2) a ocorrência do ciclo de
Randle resulta em um desvio preferencial do metabolismo de glicose em
favor da
síntese de glicogênio ao invés da
produção de lactato; 3) o efeito agudo dos AG
sobre a sinalização à insulina não
está relacionado com o metabolismo de
glicose estimulado pelo hormônio e 4) AG de cadeia longa induzem
desacoplamento
mitocondrial em músculo esquelético, sendo que este
efeito não está relacionado
com alteração na expressão de UCP-2 e -3.
COMISSÃO JULGADORA
DA TESE
DE DOUTORADO DO(A) CANDIDATO(A)
SANDRO
MASSAO HIRABARA
JUNTO AO PROGRAMA DE FISIOLOGIA
HUMANA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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Titulo da Tese: "Efeito
agudo de ácidos graxos no metabolismo de glicose em
músculo esquelético”.
Professor Adjunto do Departamento de Fisiologia do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná.
2.) Prof. Dr. JOSÉ
EDUARDO PEREIRA WILKEN BICUDO
Professor Titular do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
3.) Profa. Dra. CARLA
ROBERTA DE OLIVEIRA CARVALHO
Professor Doutor do
Departamento de
Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de
São Paulo.
4.) Prof. Dr. UBIRATAN
FABRES MACHADO
Professor Associado do
Departamento
de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade
de São Paulo.
5.) Orientador(a):
Prof. Dr. RUI CURI
Professor Titular do
Departamento de
Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências
Biomédicas da
Universidade de São Paulo.
Aprovada “ad referendum” pela Comissão
de Pós-Graduação
do ICB/USP,
em
24 de agosto de 2005.
Prof. Dr. José
Cipolla Neto